A Comunicação Acolhedora tem sido minha missão de vida desde quando eu percebi que se até a internet pode ser um ambiente acolhedor, nós e nossas empresas também podem. E devem ser.
Hoje, quero falar sobre o segundo princípio que faz parte dessa ideia, que é o princípio da Interpretação. Se você não sabe do que estou falando, recomendo ver esse post, e conhecer o primeiro princípio aqui.
A Interpretação diz respeito à sua forma de processar o que vê, sente, ouve e vive. Sendo assim, é aquilo que a sua mente assimila de uma informação, baseado naquilo que o seu coração possui.
Mas, você já parou para pensar sobre como está digerindo as informações? De que forma você interpreta o que te foi comunicado?
A complexidade do olhar do outro
Me conta uma coisa. Quando chega um cliente bravo, incomodado com algum problema relacionado a sua empresa, como você reage?
É claro que uma insatisfação não dá a ninguém o direito de ser grosseiro. Mas, quando isso acaba acontecendo, você procura entender o lado dele em algum nível?
A verdade é que não temos nenhum poder sobre a ação do outro, só sobre o que nós mesmos fazemos. Sendo assim, apesar de ser muito difícil, precisamos buscar olhar para a situação pelos olhos do outro.
Mas também não basta só isso. Não conseguimos olhar a perspectiva de outra pessoa se mantemos os nossos próprios valores e posicionamentos.
Por isso, para interpretar como a outra pessoa, precisamos não apenas ver a sua perspectiva, mas também considerar o sentimento dela, a experiência dela para chegar na ação do momento presente.
É algo difícil, e que não vamos conseguir fazer sempre. Mas é muito importante tentar, e assim, contribuir para criar um mundo mais acolhedor e empático.
Você sente liberdade para estar vulnerável?
Pare para pensar: as pessoas com as quais você sente abertura para ser vulnerável são as pessoas que você mais confia.
Precisamos normalizar a ajuda, a tristeza, o choro. Apesar de ser normal não estar bem, será que realmente estamos abrindo espaço para as pessoas serem sinceras sobre o seu bem-estar?
Um exemplo recente foi o da atleta Simone Biles, que desistiu de algumas modalidades da competição das Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Apesar de ser uma das favoritas, ela entendeu seus limites, os expôs e, o principal: foi acolhida pela equipe.
No mundo corporativo, por exemplo, estamos muito acostumados a colocar um sorriso na cara para passar o dia sem demonstrar muitas emoções. Mas, na hora de produzir, é outra história.
Todo mundo tem dias ruins, em que sentimos mais dificuldade para se concentrar e de realizar as atividades de trabalho e rotina. E ter um espaço seguro para não estar bem é essencial nesses momentos.
Não estou dizendo que precisamos transformar o escritório em uma sala de terapia em grupo, veja bem. Estou falando que dias ruins acontecem, e a gente não deveria se sentir mal por isso.
Jogo limpo: a importância da transparência
Transparência é uma bandeira levantada por muitas empresas, mas nem sempre levada à sério.
Afinal, é importante ser transparente em todos os momentos, e não apenas em boas notícias. Aqui, a maior dificuldade é ser sincero sobre as falhas, as dores e os pontos de melhoria.
E isso ainda ganha mais peso nessa nova rotina de home office. Nos comunicar claramente e com franqueza é essencial para criarmos a sinergia da equipe mesmo de maneira remota.
Errar ainda é humano
Em algum momento, nós paramos de aceitar o erro.
Eu gosto muito de falar sobre a cultura do cancelamento, e como ela está impactando nas nossas relações. Sendo assim, posso dizer que a Comunicação Acolhedora é o extremo oposto dessa cultura: a empatia, o respeito e, enfim, o acolhimento.
Errar faz parte do aprendizado. Não podemos virar as costas e focar apenas no erro, e sim, refletir sobre ele para entendermos e melhorarmos a partir disso.
Como comentei no texto sobre a Intenção, precisamos reaprender a ouvir o outro. E, se você está procurando se tornar uma pessoa cada vez melhor, proponho uma pergunta para começar: como eu posso melhorar?
Dessa forma, você se abre a críticas construtivas para otimizar seus resultados, além de começar uma microrrevolução para criar um mundo mais sincero e produtivo.